quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Cinco respostas para suas dúvidas sobre a Bolsa na crise do coronavírus

Fechada desde sexta-feira por causa do Carnaval, a Bolsa de Valores brasileira B3 reabre às 13h hoje. A expectativa dos analistas é que as ações sofram uma forte queda por causa da epidemia do coronavírus, que está se espalhando pelo mundo. Leia a seguir cinco respostas para as perguntas que estão martelando na cabeça do investidor em renda variável neste momento:

 

Por que a Bolsa de Valores cai com a epidemia de coronavírus?

Porque a gripe pode fazer os consumidores se trancar em casa com medo de pegar a doença e as empesas, suspender suas atividades. Esse movimento gera um efeito cascata na economia, que se desacelera. Assim, as companhias abertas têm menos lucros para distribuir aos seus acionistas. É muito difícil prever a magnitude da redução dos dividendos, por isso, na dúvida, alguns investidores preferem se livrar dos seus papeis e correr para alguma aplicação tida como mais segura, como os títulos de renda fixa.


O que eu devo fazer com a minha carteira de ações neste momento?

O pânico é um péssimo conselheiro. A maior parte dos especialistas em mercado de ações recomenda aos investidores que não tomem nenhuma atitude no calor da situação, por medo. Uma vez que se vende os papeis em queda, não dá mais para recuperar o prejuízo. Mas, caso a crise se mostre menos grave do que o que parece a princípio e a Bolsa se recupere, quem fica com as ações evita essa perda. O investimento em ações deve sempre ser realizado pensando no longo prazo, então operações que consideram apenas a tendência do dia ou da semana devem ser evitadas.


Como as empresas brasileiras podem sofrer com a crise do coronavírus?

As primeiras vítimas do surto devem ser as companhias aéreas, porque muitos turistas ou viajantes a negócios devem diminuir os deslocamentos pelo temor de contaminação. As empresas brasileiras têm muitos acordos de compartilhamento de voos com estrangeiras, das quais várias já suspenderem rotas para a China, que é até o momento o país mais afetado. Depois, vêm as produtoras de matérias-primas, como as mineradoras e as petroleiras, cujos produtos têm preços definidos de acordo com a demanda internacional e ficam, assim, mais sujeitas à desaceleração da atividade em outras regiões do mundo. Apesar de ter grandes exportadoras, o Brasil ainda é um país considerado fechado para o comércio internacional, então os demais setores tendem a sofrer um pouco menos. Ontem à noite, o Ministério da Saúde confirmou que o primeiro teste de um paciente internado em um hospital de São Paulo deu positivo para o coronavírus. O resultado do exame de confirmação deve sair na manhã de hoje. Se a epidemia se espalhar pelo país, a economia local pode ser mais afetada.


Por que alguns analistas dizem que a baixa das ações pode ser uma boa oportunidade de compra?

Porque existe uma diferença de graus de sofrimento das empresas com a crise. As empresas aéreas tendem a sentir mais o impacto de um surto de gripe, enquanto as farmacêuticas podem lucrar, por exemplo. Porém, em um primeiro momento, por causa das incertezas do alcance da epidemia, muitos acionistas entram em pânico, querem sair correndo da Bolsa e vendem todos os seus papeis indiscriminadamente. A diferença de visões sobre as consequências das turbulências faz com que outros investidores queiram comprar essas ações – no mercado, toda vez que alguém vende um papel, alguém necessariamente tem que comprar. E quem está na ponta compradora pode pechinchar e pagar um preço mais baixo pelo papel que lhe interessa, mirando o longo prazo.

O que eu faço se achar que a crise vai ser grave e não quiser correr mais o risco da Bolsa?

Venda os papeis – consciente de que, dependendo do preço que pagou por eles, pode ter perdas – e coloque o dinheiro em uma aplicação conservadora, como a poupança ou títulos do Tesouro Nacional. Em momentos de turbulência e incerteza, é recomendado também dobrar o cuidado com papeis de renda fixa de empresas. Esse tipo de investimento, que é, a grosso modo, como uma nota promissória emitida pelas empresas, é considerado de menor risco, mas não de zero risco – afinal, algumas companhias podem sofrer muito com o surto e deixar de pagar as suas dívidas.

Este artigo foi publicado primeiro no site https://https://exame.abril.com.br/


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