segunda-feira, 13 de julho de 2020

Conta digital: combina com educação financeira e você vai ter uma

Conta digital: combina com educação financeira e você vai ter uma

Uma boa conta digital oferece serviços financeiros, segurança e usabilidade na medida certa.

Um dos principais pilares da educação financeira que funciona é manter o orçamento familiar organizado de uma forma simples, direta e objetiva. Uma conta digital independente é uma ótima maneira de administrar transações financeiras sem correr o risco de cair em tentações (armadilhas) bancárias.

Limites cada vez maiores no cheque especial, oferta de cartão de crédito com limite também elevado, propagandas ostensivas de crédito e empréstimos, venda casada (disfarçada, afinal de contas isso é proibido) e produtos de investimento ruins são parte do dia a dia de quem está nas mãos de um “bancão” tradicional.

Com educação financeira, lidar com essa realidade é relativamente fácil, mas precisamos pensar agora nos milhões de brasileiros que até alguns meses estavam à margem do sistema bancário e que foram “forçados” a lidar com uma conta digital na Caixa ou no Banco do Brasil, bancos com exclusividade para pagamento dos benefícios emergenciais.

Abra conta grátis: Grão, sua poupança 2.0 (clique e conheça)

Conta digital: um fenômeno que veio para ficar

Imagine que 40 milhões de brasileiros simplesmente nunca usaram sequer um banco para realizar suas operações financeiras. Além deste enorme contingente, muitas outras pessoas também precisaram abrir conta para receber os benefícios do governo. No total, a Caixa abriu 53,6 milhões de contas digitais entre abril e junho.

Antes da pandemia, o sonho da Caixa era atingir 1 milhão de clientes no ano com o aplicativo Caixa Tem. A realidade é totalmente diferente. De repente, milhões de brasileiros passaram a ter uma conta digital e, neste sentido, precisaram aprender a lidar com esta realidade – muitos ainda não conseguiram.

Em entrevista recente ao jornal Valor Econômico, Geraldo Rodrigues, do Santander Brasil, disse que o banco havia levado 3 anos para alcançar 2 milhões de clientes da conta digital, mas deverá fechar 2020 com outros 2 milhões de novos clientes. O que havia sido alcançado em três anos agora será cumprido em apenas um.

Dados do Itaú também confirmam o boom na procura por contas digitais: mais de 340 mil contas foram abertas através do seu aplicativo apenas no primeiro trimestre de 2020, uma alta de 54% na comparação com o mesmo período de 2019.

Leia também: Cartão de débito ou crédito? 5 razões para preferir o débito

Conta digital: movimentar todo o dinheiro pelo celular é realidade

Quando observamos a situação das transações financeiras das principais instituições financeiras privadas, a soma de pandemia, isolamento social e necessidade é impressionante: de 70% a 95% de todas as operações já são feitas através dos aplicativos ou por meio eletrônico.

A conta digital oferece a possibilidade de guardar dinheiro e pagar contas de um jeito simples e fácil, além de permitir que ao cliente maior autonomia na resolução de problemas e interação com serviços oferecidos pela instituição.

A questão não é tanto se a conta digital pode substituir o dinheiro em espécie, algo que certamente parece viável e perfeitamente possível já nos dias de hoje, mas se ela será capaz de fidelizar o cliente. Pensando na educação financeira, o ideal é usar os serviços mais objetivos e sem ofertas mirabolantes de produtos/serviços.

A questão da usabilidade e da oferta de serviços adicionais é importante porque a facilidade e o baixo custo na abertura da conta digital são um convite para que muitos brasileiros saiam por aí abrindo contas em diferentes instituições, o que pode ser perigoso.

Conta digital: organização e foco para não se perder

À primeira vista, ter muitas contas digitais gratuitas pode fazer sentido considerando a necessidade de experimentar e ver qual delas será mais interessante, mas esta decisão requer disciplina para definir e respeitar o plano de usar apenas uma ou duas no dia a dia (no máximo). É importante encerrar as contas digitais sem uso.

A importância deste tópico pode parecer superestimada, mas sugiro que considere a realidade de ter muitas contas correntes como uma analogia à decisão de manter muitas contas digitais (ou contas de pagamento) de forma simultânea. Você terá que ter um controle financeiro muito rígido e bem feito para não se perder diante de tantas possíveis transações.

Em algum momento, mesmo as instituições e fintechs que hoje não oferecem tantas opções de serviços, como cartão de débito ou crédito, empréstimos, programas de cashback etc., também terão novidades. E se você já usa outros serviços, de outras contas, pode aderir a novas alternativas e confundir seu planejamento financeiro.

A grande vantagem da conta digital para a educação financeira é justamente sua facilidade de uso e, principalmente, como pode ser aberta e encerrada. O planejamento financeiro precisa vir sempre em primeiro lugar, portanto é essencial que você tenha um número mínimo de contas, administre bem o que paga através delas e como guarda seu dinheiro.

Leia também: Open banking: veremos mais competição e melhores serviços?

Conta digital: ela ainda vai ser sua conta principal

Para muitos brasileiros, uma conta digital ainda é sinônimo de uma segunda, quem sabe terceira conta no dia a dia, com a principal ainda sendo a “clássica” conta corrente aberta em uma agência bancária. Isso pode ser a realidade de quem tem mais de 30, 35 anos, mas não é o que se vê entre os mais jovens.

Muitos brasileiros que estão estudando ou nos seus primeiros trabalhos já aderiram a opções de conta digital sem relação com um dos cinco principais bancos brasileiros. Seja a conta digital aberta em um banco pequeno/médio ou fintech, o fato é que a concorrência já é muito maior – e foi absurdamente acelerada com a situação da pandemia.

Alguns foram forçados a aderir ao digital como principal meio de movimentação financeira, mas o movimento já era evidente desde pelo menos 2017. O que mudou é que para milhões de brasileiros, o digital passou a ser a única saída para lidar com a ajuda emergencial. O dinheiro veio para ser usado, o aprendizado certamente vai continuar e será aproveitado.

Eu já tenho conta digital, embora ainda não a movimente tanto quanto devo fazê-lo a partir de agora. Há quem só tenha conta digital desde o ano passado. Retrasado. A corrida pelos clientes já é realidade, mas chegou a hora de ver quais empresas fidelizarão o brasileiro. Arrisco dizer que serão as que acreditarem na união entre educação financeira e rica experiência do usuário.

CLIQUE AQUI para vídeos de Educação Financeira

Conclusão

Não é loucura imaginar que o brasileiro comum ainda vai ter uma conta digital como uma de suas principais contas para transferir dinheiro, pagar contas e realizar investimentos. Se você já é uma dessas pessoas, deixe seus comentários por aqui para explicar melhor as razões para já ter feito este movimento.

Foto: Pexels.

—— Este artigo foi escrito por Conrado Navarro. Este artigo apareceu originalmente no site Dinheirama.A reprodução deste texto só pode ser realizada mediante expressa autorização de seu autor. Para falar conosco, use nosso formulário de contato. Siga-nos no Twitter: @Dinheirama


Nenhum comentário:

Postar um comentário